Houve um tempo em que havia Lua
E as estrelas ouviam serenatas
Quando a minha boca doida e nua
Passeava por todas as calçadas
Quando, vez em quando, se escutava
Além de tiros, uma ou outra canção
E a pureza vinha e se deleitava
Bem distante do inferno da solidão
Hoje desacordei com a noite escura
O canto alucinado não existe mais
É só uma foto num caderno de cultura
Purgatório numa banca de jornais
Mas a vida segue, a canção insiste
Feito havia um brabo lá no céu sem rédea
Fazendo um Paraíso cada vez mais triste
A mais profana e desumana comédia
Medo, medo, medo